Faceless – Marcelo Brasiliense

dez 2017

QUALCASA
São Paulo . SP

Entalpia define a carga armazenada pelas substâncias antes de serem agitadas o bastante para liberarem energia acumulada: reunir pra ressignificar, recolher para reunir, garimpar e transformar. Assumir e tornar irreversível. Feito pipoca, sabe? Quando a possibilidade de regresso ao estado de milho se torna impossível. Imagine também cansaço o bastante perante o código das Coisas que conhecemos e da relevância que ocupam no mundo para nem se quer se abominar o que existe e sim, viver em um mundo criado que segue parasita deste primeiro que cansa. O efeito de alienar-se e depender dessa realidade conhecida torna tudo o que já era, vida do que está por vir. E o que vem é um sistema-consequência de um olhar único, tão único que o volume de matéria transformada é enorme, feita na velocidade em que fotos vazias de significado lotam as memórias dos celulares, corroem as lembranças e queimam as retinas. Ácido-encantado-alieno-neon, som de marchinha. Olhar de longe para localizar o sumo e através do dom divino do brasileiro, o da Gambiarra: juntar e fazer existir mesmo.
Aqui tudo reside em algum lugar entre. Há alguns parâmetros que esticam essa teia de conexões superpostas que intercalam protagonismo de forma complexa no objetivo de tornar possível algum princípio de ignição que desperte a clareza de nossas idéias sobre o que está atrás daquilo que se vê. Mas as máscaras, elas são todas só Frente. Fazer existir é tão complexo que a importância sobre tentar definir é boba. Imagine a benção em adentrar um mundo paralelo e a maldição de convencer prx amigx que é real: subterfúgios seria a regra; recorrer a imprecisão das memórias dos sonhos seria necessário e que bom, que gostoso.

Em termodinâmica, Entropia é a medida da desordem das partículas em um sistema: mundo de likes, selfies, apps, posts, poucos caracteres e muitas imagens. Deixar ver é o que se vê aqui, por mais que você não se sinta vendo ao olhar. É que me veio: isso é tudo tão visto; tão gasto: mas que bom ver mais uma vez tudo assim reunido! O texto desandou e isso é ótimo!

Adriano Franchini


Marcelo Brasiliense (Belo Horizonte, 1985, vive em São Paulo), é formado em publicidade e propaganda e pós-graduado em Artes Plásticas e Contemporaneidade. O artista trabalha com colagem, escultura, instalação e uma pesquisa voltada para o universo pop, marginal e queer. Sua prática envolve questionamentos irônicos referentes à sociedade de consumo e se apropria daquilo que é facilmente descartado. Itens produzidos pela cultura de massa como xerox, revistas, cartolinas, glitter, fitas adesivas, sintéticos e plásticos muitas vezes são ressignificados esticando o tempo de convívio dos materiais nos trabalhos criados.