Chapeuzinho Vermelho – Claudia Briza

nov 2014

QUALCASA
São Paulo . SP

Era uma vez, há um tempo muito distante, o “Era uma vez”. Já de cara, ele conquistou a narrativa. Foi logo dando as primeiras palavras em fábulas, mitos, contos de fadas e romances, até que em um belo dia de verão, o “Era uma vez” e a “Narrativa” se casaram. E então, viveram felizes para sempre.

Peraí. Acho que exagerei na alegoria. Essa história é bem bonitinha, mas, felizes para sempre já é demais. Há décadas que a literatura, o cinema e o teatro não dependem de uma narrativa linear e cronológica. Nada mais justo. Não devemos mesmo contar histórias somente dessa maneira hermética, afinal, não percebemos o mundo à nossa volta de forma tão exata assim. Vivemos nos relacionando com espaços, pessoas, pensamentos, memórias, e com o nosso grande amigo imaginário, o subconsciente.

Sabendo disso, em sua primeira individual, Briza desconstrói um ícone mundial das historinhas infantis: Chapeuzinho Vermelho, uma fábula que tem sua origem na europa do Século XIV. A narrativa que a artista propõe passa longe do jeito que sempre foi contado esse clássico da cultura popular. Ela é feita através da pintura, fotografia, vídeo, luz, sombra e, principalmente, de objetos que se relacionam entre si de maneira improvável. Escada, mesa, um projetor e um retroprojetor que reproduzem imagens no espaço expositivo, todos se transformam em elementos próprios de uma narrativa inusitada.

Dessa forma, Briza propõe uma inversão de papéis. Em sua mostra, quem deve contar a história do Chapeuzinho Vermelho é o próprio observador. Ele é o personagem principal. E, por incrível que pareça, é aí que essas narrativas naturalmente opostas se assemelham. Assim como a famosa protagonista da história infantil, o observador também encara o dilema de escolher entre dois caminhos. Um deles, o caminho fácil e seguro de uma fábula conhecida, o outro, difícil, perigoso e intuitivo, o caminho para novas e diferentes percepções.

Tchelo

Claudia Briza, artista plástica, cenógrafa e diretora de arte de filmes comerciais,  TV, longas e curtas metragens, nascida em São Paulo capital, vive e trabalha em São Paulo. Formada pela Universidade Mackenzie com especialização  em artes plásticas. No ano de 2012  e 2013,participou do Grupo de estudos e produção de arte contemporânea do Instituto Tomie Otake, ministrado por Paulo Miyada e Pedro França. Atualmente participa do grupo de estudos ministrado por Carla Chaim e Nino Cais no Hermes Artes Visuais. Tem desenvolvido vídeos, fotos e assemblages, esculturas com objetos que se propõem a discutir a relação, significado, equilíbrio e sentido entre os mesmos. Em 2014 participou do Salão de Artes de Ribeirão Preto e foi premiada em 3 lugar no Salão de Artes de Guarulhos com o trabalho “A Bolsa”.