960p

31/07/2021 a 28/08/2021

Visitação por agendamento
visiting by appointment:
residenciafonte@gmail.com
@residenciafonte

no FONTE
Rua Mourato Coelho, 751
Vila Madalena

Realização:
Hermes Artes Visuais


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Mínima

Fomos atirados em um espaço de resolução mínima, 960 pontos que separam a entrega da imagem, o abraço que damos com os olhos e o som que sai de nossas bocas. Já se perguntou qual a definição de resolução? Já se perguntou sobre o peso da transmissão de um simples Oi pelos milhares de quilômetros de fibra óptica que cortam o pacíficio, da Europa às Américas? Qual a resolução mínima da interação pela distância?

Lugar por excelência do encontro hoje, lugar onde postulamos faturas que redefinem o sentido de tato perante a insegurança que nos aparta; um espaço de troca virtualizado pela desproporcional violência presente no mundo que habitamos; outros modos de definir toque em meio ao caos.

É na transmissão dessas imagens também que algo como palimpsestos são criados, ao modo que apagam e revelam partes de si para aqueles com escuta atenta, buscando construir um espaço de significação completa que raramente se efetiva; imagens que apontam para o mar e para o céu de um modo estranho, aludindo a objetos que entregamos ao vento e mensagens que nos trazem as ondas; paisagens que se esgotam intermitentemente, arrancando silêncios da arquitetura; outros modos de se entregar luz, uma vez que aqui ela é suspensa e retirada de sua função original; pequenas quimeras que apontam para a necessidade da construção de um novo imaginário que deriva da condição e denotação do conceito de trabalho, hoje; um embate entre o que é traço e o que é gesto se utiliza tanto do papel como do corpo enquanto sua arena; e movimentos e volumes que partem da boca aqui são, também, novas construções do que significa ser corpo ou fumaça; e o corpo também aqui é motivo de desaparecimento; ainda sobre aquilo que some, se desfacela, o que é próprio da história de um se apresenta ao lado dos seres cuja fome são seu motivo de extinção; e um atlas do ideal de corpo é tracejado pela geografia de sua própria farmácia doméstica; alguns ecossistemas também se constroem aqui, trazendo em peso um enunciado único que fala sobre sua autorização em se reproduzir; Alguém mente, mas não engana; uma forma em sua reprodução contínua se prepara para sua boda monozigótica; uma estrutura se denuncia por meio da sua própria arqueologia; uma paisagem se constrói; a responsabilidade sobre o corpo do outro se apresenta como dança; a ficção da modernidade se projeta bidimensional; linhas e volumes postulam uma outra possibilidade dos materiais e algo se apresenta para nós, falando sobre a iminência de sua desaparição.

Já se perguntou qual a definição de resolução? Há um sentido estranho que perpassa a construção dessas estórias, um sentido estranho que habita como se apresentam aqui. Nos perguntamos qual a inferência que fazemos dos 960 pontos que separam a entrega da imagem do abraço que damos com os olhos e o som que sai de nossas bocas. Fomos atirados em um espaço de resolução mínima. Ele não dá conta.

 

Guilherme Teixeira

Julho 2021


{ FICHA TÉCNICA }

 

Artistas:
Ana Elisa Carramaschi, André Ianni, Camila Bardehle, Carlos Rodrigues, Carolina Cherubini, Daniela Torrente, Duda Breda, Gabriel Accardo, Gael Rodrigues, Juliana Galbetti, Kika Simonsen, Maria Fernanda Lopes, Marú, Otávio Barata, Ricardo Durski, Silvia Jábali, Thais Stoklos, Thamyres Donadio, Zé Tepedino

Organização:
Carla Chaim, Marcelo Amorim e Nino Cais

Texto crítico:  
Guilherme Teixeira

 

Realização: 
Hermes Artes Visuais

 

Abertura:
31 de julho, das 14h às 20h

 

Visitação:
2 à 28 de agosto

Mediante agendamento: residenciafonte@gmail.com - @residenciafonte

Use máscara, álcool em gel, e mantenha o distanciamento social.

FONTE

Rua Mourato Coelho, 751

Vila Madalena

São Paulo


Marcelo Barros